As Mulheres e a Diversidade são Culpadas? Descubra os Segredos da Falha do Serviço Secreto no Ataque a Trump.

Teorias da Conspiração de Direita Responsabilizam Mulheres e Diversidade pela Falha do Serviço Secreto no Ataque a Trump

Narrativa Errônea Surge após Ataque a Trump

Assim que surgiram teorias da conspiração e ameaças de violência nas redes sociais após o ex-presidente Donald Trump ser baleado durante um evento de campanha na Pensilvânia no sábado, uma narrativa emergiu da direita: Mulheres e programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) são os culpados. As alegações sexistas se baseiam em vídeos e imagens editados de forma enganosa, sendo compartilhados online por comentaristas, influenciadores e trolls de extrema-direita, que criticaram agentes do Serviço Secreto femininas que faziam parte da equipe de proteção próxima de Trump no sábado.

Críticas Baseadas em Evidências Distorcidas

As Mulheres e a Diversidade são Culpadas? Descubra os Segredos da Falha do Serviço Secreto no Ataque a Trump.
Source: wired.com

As queixas mais comuns contra as agentes incluem o fato de que, segundo os cartazes online, elas eram muito pequenas, acima do peso e, em um caso, incapazes de manusear suas armas. Chaya Raichik, uma troll de extrema-direita que administra a conta Libs of TikTok, com enorme popularidade, publicou em uma rede social que “essa agente feminina nem conseguia colocar a arma na coldre durante a tentativa de assassinato de Trump. Contratação por DEI?” Em um post subsequente sobre o mesmo assunto, que já teve 7,2 milhões de visualizações, Raichik escreveu: “DEI matou alguém.”

Críticas de Figuras Políticas de Direita

O comentarista político de direita Benny Johnson escreveu em uma rede social que a situação era uma “humilhação absoluta para essa turma de agentes do Serviço Secreto femininas” e que “o Serviço Secreto DEI torna os presidentes MENOS seguros”. Esse único post teve mais de 8 milhões de visualizações. Centenas de postagens em redes sociais fazem reivindicações semelhantes, e dezenas delas têm mais de 1 milhão de visualizações, de acordo com uma análise da WIRED e de pesquisadores da Advance Democracy.

O Papel da Diretora do Serviço Secreto

A diversidade se tornou um tópico polêmico para os republicanos nos últimos meses, com comentaristas rotulando tudo, desde o colapso da Ponte de Baltimore até as crises de segurança da Boeing, como uma questão de DEI. Mais recentemente, a direita sugeriu que o sucesso da vice-presidente Kamala Harris se deve ao fato de que ela foi uma “contratação por DEI”.

Críticas na Mídia de Extrema-Direita

Muitas postagens em redes sociais também incluíam um trecho de uma entrevista que a diretora do Serviço Secreto, Kimberly Cheatle, concedeu à CBS no início deste ano, onde ela discutiu o aumento do número de agentes femininas no serviço para 30% como parte de uma iniciativa de diversidade. Essa entrevista e o gênero de Cheatle se tornaram um ponto central tanto online quanto no ecossistema de mídia de extrema-direita.

Ataques Misóginos na Mídia e Plataformas Online

No Fox News, o representante Tim Burchett, do Tennessee, culpou diretamente Cheatle pelo tiroteio, chamando-a de “pessoa da iniciativa DEI”. O ex-procurador-geral durante o governo Trump, Bill Barr, também disse ao apresentador Jesse Watters que “essa agenda de DEI e a destruição do mérito estão afetando os níveis de competência dessas agências”. O representante Cory Mills, da Flórida, ex-atirador de elite do Exército dos EUA, disse ao Fox: “Quando você se concentra principalmente no DEI, você obtém D-I-E”.

Postagens Misóginas em Fóruns Online

Mídia online de extrema-direita e sites de teorias da conspiração, como o Washington Times e o Gateway Pundit, publicaram artigos criticando as agentes femininas envolvidas. Em canais do Telegram de extrema-direita e fóruns pró-Trump, comentários profundamente misóginos se proliferaram, atacando as agentes femininas que estavam no palco no sábado, com muitos sugerindo que elas deveriam se ater a funções “tradicionais” femininas.

Tentativa de Desacreditar Mulheres no Serviço Secreto

Uma foto mostrando uma das agentes do Serviço Secreto femininas agachada atrás de Trump no palco foi compartilhada repetidamente como evidência para mostrar por que as mulheres não deveriam ser permitidas como agentes do Serviço Secreto. Vídeos dos momentos após o tiroteio mostram a agente feminina como parte do grupo de agentes que cercaram Trump quando ele foi retirado do palco.

Contraponto a Críticas Misóginas

Apesar da maioria dos comentários da extrema-direita online terem culpado as mulheres no Serviço Secreto e Cheatle especificamente, houve alguma reação contrária da própria direita. Tara Setmayer, ex-diretora de comunicações do GOP no Capitólio, criticou em rede social os comentários sexistas de Burchett, defendendo que Cheatle era uma agente experiente que trabalhou duro para chegar ao cargo de diretora.

Conclusão

As teorias da conspiração e acusações infundadas contra as agentes femininas do Serviço Secreto revelam um profundo sentimento misógino dentro da extrema-direita americana. Ao invés de aceitar que falhas de segurança possam ter contribuído para o incidente, esses grupos preferem culpar a diversidade e as mulheres, perpetuando uma narrativa tóxica e prejudicial. Essa reação é um lembrete perturbador de como as questões de igualdade de gênero ainda são vistas como ameaças por certos setores políticos, mesmo em meio a situações tão delicadas quanto a segurança de um ex-presidente.

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